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Três em cada quatro capitais brasileiras têm nota 'regular' ou 'ruim' em transparência, diz relatório

Documento divulgado pela organização Transparência Internacional aponta que índices são mais baixos especialmente em relação a obras públicas e emendas parlamentares ao orçamento.

Por André Miranda

16/07/2024 às 00:54:34 - Atualizado há
Foto: edup.ecowas.int
Documento divulgado pela organização Transparência Internacional aponta que índices são mais baixos especialmente em relação a obras públicas e emendas parlamentares ao orçamento. Três em cada quatro capitais brasileiras têm níveis regulares ou ruins de transparência, de acordo com o relatório divulgado nesta terça-feira (16) pela organização Transparência Internacional.

Segundo o documento, a pontuação é especialmente negativa no caso de informações relativas a obras públicas e à execução de emendas parlamentares ao orçamento (veja a média mais abaixo).

De acordo com a entidade, "o resultado preocupa, em particular, num ano eleitoral, já que as obras e emendas representam riscos de corrupção e são recursos frequentemente turbinados, e que podem distorcer a resposta das urnas".

Os resultados do Índice de Transparência e Governança Pública (ITGP) apontam que apenas Vitória (ES) tem classificação "ótima" no ranking das capitais, com nota 98,6.

Na outra ponta do espectro, Belém (PA), Teresina (PI) e Macapá (AP) têm os piores resultados.

Os dados levam em consideração resultados em seis dimensões. Entre eles, transparência no recebimento de emendas parlamentares, em detalhes da contratação de obras públicas e licitações e na concessão de incentivos fiscais a empresas, por exemplo.

A avaliação varia entre 0 (pior resultado de transparência e governança) a 100 (melhor posição). O ranking não inclui o Distrito Federal e Porto Alegre (RS), que não foi incluída em função da tragédia causada pelas enchentes no estado.

Critérios

Para chegar ao resultado de cada capital, o relatório estabelece critérios levando em consideração seis dimensões.

????? São elas: legal, plataformas, administração e governança, obras públicas, transparência financeira e orçamentária, e participação e comunicação.

Ou seja, disponibilidade e facilidade de acesso a dados como:

recebimento e aplicação de emendas parlamentares;

detalhes da contratação de obras públicas e licitações;

licenças ambientais;

concessão de incentivos fiscais a empresas;

agendas dos prefeitos e na realização de consultas públicas, entre outras práticas analisadas.

O objetivo é identificar se as capitais "mantém leis, políticas e práticas adequadas pra compartilhar informações cruciais para que jornalistas, ativistas, órgãos de controle e população em geral possam acompanhar os recursos públicos", segundo a organização.

Média das capitais por dimensão avaliada

Legislações: nota 58,0

Plataformas: nota 75,8

Administrativo e governança: nota 58,5

Obras públicas: nota 34,3

Transparência financeira e orçamentária: nota 48,9

Comunicação, engajamento e participação: nota 52,5

Recorte regional

Em um enquadramento por regiões do país, as capitais do Sudeste representam as melhores classificações, com média de 81,6 pontos — o que representa a faixa considerada como "bom"; seguidas por Nordeste (54,4), Sul (53,3), Centro-Oeste (51,8) e Norte (41,2).

A média nacional ficou em 54,8 ("regular").

Como aumentar a transparência, segundo a organização:

Regulamentar a Lei Anticorrupção em nível local;

Criar normas e mecanismos de proteção a denunciantes de corrupção;

Aprimorar a transparência de contratos, licitações e incentivos fiscais;

Disponibilizar informações sobre emendas parlamentares recebidas pelo município por deputados estaduais, federais e senadores, assim como de emendas realizadas pelos vereadores;

Criar leis, planos e portais de dados abertos, fomentando a disponibilização dos diversos tipo de informação em formato aberto;

Criar portais que centralizem as informações sobre a execução física e orçamentária das obras públicas, bem como das licenças ambientais dos empreendimentos;

Fortalecer mecanismos de controle social, audiências e consultas públicas, orçamento participativo e conselhos, incluindo a criação de conselhos municipais de transparência e combate à corrupção.
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